Referências
bibliográficas
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SLADE, Peter. O Jogo Dramático Infantil. São Paulo: Summus, 1978.
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Breve resumo
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Em “O Jogo Dramático Infantil”, o autor
considera que o jogo dramático é um comportamento inerente ao ser humano
durante todo o seu desenvolvimento e é particularmente observável em
crianças.
Nas fases mais precoces, fica mais evidente o
jogo projetado, no qual a criança projeta uma realidade imaginada,
interagindo com brinquedos e não atuando com
o corpo inteiro. A partir dos cinco anos torna-se mais freqüente o jogo
pessoal, no qual a criança atua com todo o corpo, assumindo um papel.
Nesse livro, o autor expõe ainda como os pais
podem estimular o drama infantil e fornece sugestões de atividades para serem
realizadas com crianças de diferentes faixas etárias.
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Transcrições de citações mais importantes
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“O Jogo Dramático Infantil é uma forma de arte
por direito próprio; não é uma atividade inventada
por alguém, mas sim o comportamento real dos seres humanos.” (p.17, l1)
“Nessa brincadeira teatral infantil existem
dois momentos de caracterização e situação emocional tão nítidos, que fizeram
surgir uma nova terminologia: “Jogo Dramático”. Este sempre nos pareceu um
bom termos, pois ao pensar em crianças, especialmente nas menores, uma
distinção muito cuidadosa deve ser feita entre drama no sentido amplo e teatro
como é entendido pelos adultos. Teatro significa uma ocasião de
entretenimento ordenada e uma experiência emocional compartilhada; há atores
e públicos, diferenciados. Mas a criança, enquanto ainda ilibada, não sente
tal diferenciação, particularmente nos primeiros anos – cada pessoa é tanto
ator como auditório. Esta é a importância da palavra drama no seu sentido
original [...].” (p.18, l.7)
“E nesse drama, notam-se duas qualidades
importantes – absorção e sinceridade.
Absorção – estar absorto – é estar totalmente envolvido no que está sendo
feito, ou no que se está fazendo, com exclusão de
quaisquer outros pensamentos, incluindo a percepção ou desejo de um
auditório. Sinceridade é uma forma completa de honestidade no representar um
papel, trazendo consigo um sentimento intenso de realidade e experiência, e
só atingido totalmente no processo de atuar, representar, com absorção.”
(p.18, l.31)
“As crianças amam o som e, usando vários
ruídos interessantes na escola pré-primária, podemos ajudá-las a criarem à sua própria maneira.” (p.35, l.12)
“Quando as crianças inventam seus próprios
jogos dramáticos, permita a
representação de muitos personagens e temas que você não aprova. Desta forma,
aliviam-se problemas pessoais e familiares e os efeitos de assistir a filmes
anti-sociais e ouvir rádio violento podem ser “descarregados”. Não devemos esquecer que nesses momentos as
crianças repartem conosco importantes segredos pessoais; trata-se de uma
confissão; elas encontram alívio na nossa amizade que lhes permite
representar, simulando atos ilegais de uma maneira legalizada. Não devemos
fazê-las se calarem ou repreende-las. [...] Esse tipo de jogo é uma forma de
expelir, cuspir fora, podendo ser transformada, paulatinamente, em histórias
de caráter mais aceitável, se o critério adulto for livre de preconceitos e
se o momento correto for escolhido para fazer as sugestões.” (p.52, l.10)
“O Jogo Dramático bem sucedido é não só
educação no que ela tem de melhor, mas prevenção também. Ele oferece uma
válvula de escape legítima para a energia de bomba-atômica desse grupo social
que chamamos de turma.” (p.63, l.4)
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Comentário pessoal
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O que o autor chama de absorção e sinceridade,
e que ressalta com qualidades importantes no jogo dramático, é o que Viola
Spolin vai chamar de sujeito total no jogo teatral. Ambos se ligam ao
conceito de ludicidade, colocando como fundamental o envolvimento completo do
jogador com o jogo/momento.
As principais críticas ao jogo dramático dizem
respeito ao excesso de espontaneísmo e deficiência em trabalhar com as
convenções teatrais.
Slade, ao dar sugestões de atividades,
diferencia atividades que podem ser propostas a grupos de meninas e a grupos
de meninos, acredito que tal diferenciação pudesse ser cabível no contexto em
que a obra foi escrita, mas perdeu a adequação nos dias de hoje.
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Utilização de materialidades no processo criativo
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SONS – na
descrição de atividades que podem ser realizadas com as crianças, Slade dá o
exemplo da utilização de sons. O autor insere diferentes sons no ambiente e
estimula as crianças a criarem situações com aquele som (ex.: toca um apito –
professor: o que é isto? – criança: um trem! e assim por diante). Essa
técnica pode ser usada para a construção de uma narrativa ou para criar uma
ambientação.
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